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dezembro 03, 2013

Pensamentos de um louco

Era uma noite linda e o sol brilhava entre as trevas sem fim.

Sentado de pé, num banco de pau, feito de pedra, eu ouvia um mudo que dizia consigo mesmo e aos seus companheiros: “prefiro mil vezes a morte que perder a vida”.

Longe dali, num bosque sem árvores, os pássaros pastavam alegremente e as vacas pulavam de galho em galho a procura de seus ninhos e os elefantes descansavam num pé de alface.

Montei em minhas costas e saí galopando nas ondas de um deserto sem areia.

Cheguei em casa, entrei pela porta da frente, que fica nos fundos, pus cuidadosamente o paletó sobre a cama e me pendurei no cabide, onde dormi um belo sono. Acordei e fui para a mesa, onde lavei os pés e para o banheiro, onde servi o almoço.

Durante o almoço senti um gosto amargo na boca, pois havia comido um guardanapo e limpado a boca com um bife.

Ao meu lado, um cego lia um jornal sem letras, cujas palavras diziam que os quatro profetas do mundo são três: João e Jeremias.

(Por Marcia de Oliveira Fraga)

[Imagem: http://gartic.uol.com.br/ailly/desenho-jogo/louco]

setembro 27, 2013

Futuro

Palavra que sempre me assustou: futuro. Se existe só uma coisa incerta, é essa: o futuro. O tempo que há de vir, o tempo alegre, o tempo triste, o tempo incerto...
O tempo que vivemos a cada instante, o segundo que sucede o outro é o futuro, os minutos, as horas, os dias, os meses, os anos são o futuro. Cada segundo que passa deixa de ser futuro e se torna presente, e tão rápido se torna passado. Assim, a vida vai indo, na velocidade da luz, tão veloz que nem percebemos. Por ser tão rápido, o tempo que vivemos, não damos atenção aos detalhes, esses, que sim, fazem a diferença. O segundo que muda a luz do semáforo, que levamos para pisar no freio, que acaba com a coreografia ensaiada, que deixa a foto embaçada, que faz a manhã virar tarde, a tarde virar noite, o amanhã ser o hoje, o ano novo chegar e o velho nos deixar, o segundo em que a vida dá o seu lugar à morte.
O que me assustava no futuro ou, paradoxalmente, o que me fascinava: a sua imprevisibilidade. Na verdade, ainda é assustador não saber se amanhã estaremos vivos, se estaremos saudáveis, se estaremos ricos. Mas não sabermos o amanhã é o que nos faz não cair no comodismo, e termos que estar sempre preparados para o que possa acontecer.
Se parar e pensar em alguns anos atrás, verei que muita coisa planejada não aconteceu, assim como coisas que nunca planejei vieram a acontecer. Momentos bons e momentos ruins, nossas vidas são feitas somente disso.
Cada um sabe e tem consigo o que é bom e o que é ruim. Cada um deve saber o que quer do seu futuro. Não deixe de fazer planos, não deixe de ter seus objetivos de vida. O fato de o futuro ser imprevisível não quer dizer que devamos jogar tudo ao léu, pois isso não funciona, assim, só a chance do fracasso aumenta.
O futuro é simplesmente uma mudança de posição do tempo, que deixa de ser amanhã, pra ser hoje e daqui a pouco ontem. Faça do futuro o seu presente, basta sonhar, lutar e realizar, é o que precisamos para que o futuro não seja algo amedrontador, por mais imprevisível que seja, planeje-se, projete-o!

julho 01, 2013

Vida

Volta e meia me ponho a pensar sobre a vida. O que é essa coisa fascinante que não sabemos de onde vem, por que vem, para onde vai? Que do nada se vai... Essa coisa de que todos nós somos dotados, sem optar por isso, simplesmente recebemos uma e para cá viemos. Há quem acredita que um ser superior nos concede e tem grande comando sobre ela, há outros que dizem que é mera obra do acaso, da evolução, enquanto que, para outros, temos mais, ou muito mais que uma.

Gostaria de poder responder a todos estas dúvidas. Mas, não posso. Infelizmente não lembro de nada que acontecia antes de chegar aqui. Não lembro de nada de antes de deixar o ventre de mamãe, não lembro das palmadas que precisei levar do médico para entrar aos berros. Na verdade, quanto mais velho fico, menos vou lembrando dos momentos da infância. Talvez nosso cérebro precise fazer uma desfragmentação em nossas memórias, para que novas lembranças possam se alocar, e esse movimento altera as antigas.

Durante esse tempo que por aqui passamos, muito aprendemos, muito erramos, e com os erros continuamos a aprender, e com o aprendizado continuamos a errar. É assim, e sempre será! Erramos ao amar, porém, com o erro, não deixamos de querer acertar, e tornamos a amar, a errar, mas, enfim, um dia, conseguimos acertar. Por vocação somos santos e, também, pecadores. Queremos o bem, praticamos o bem, não queremos o mal, e por descuido, praticamos o mal. Queremos um mundo igual, para todos, onde não haja violência, guerras, miséria, mas nossa curta vida não nos permite o tempo suficiente para conseguirmos mudar isso, e quando conseguimos acertar algo de um lado, o outro já está desconcertado, e pessoas que tem o poder um pouco maior que o nosso, breves habitantes terrenos, pouco fazem para mudar o mundo e deixar um futuro melhor para os futuros mundanos.

Enfim, “que coisa é essa que faz tudo funcionar freneticamente, inexplicável e desesperadamente e que, sem sabermos para onde vai, nos escapa, assim, num zapt, num ffff? Esvai-se! E não existe meio termo. Ou ela está em você e você está vivo, ou ela não está e você começa, automaticamente, a desmoronar-se, a desintegrar-se, como se nunca tivesse havido qualquer coisa ali.” (Ítalo Ogliari). Não espere a sua esvair-se! Viva! Aproveite! Faça o que tem vontade! O tempo é curto!


Ah, vida! Às vezes tão sofrida, às vezes tão alegre, mas, sempre, tão vivida, até um dia se tornar “morrida”!

Christyam Fraga.

março 18, 2013

Sobre amores e desamores...


Era uma vez um menino que era loucamente apaixonado por uma menina que vivia a mais de 100 km de distância, era um amor do tipo bem platônico, coisa de criança. Isso já deixava claro o quanto seria complicada a vida amorosa dessa pessoa. Sim, “esse cara sou eu!” Talvez ela tenha sido o meu primeiro amor verdadeiro, nunca correspondido, também, algo sem cabimento, amor de infância mesmo. O primeiro de muitos, pois sim, sou um homem fraco, que se apaixona fácil, fazendo-me chegar à conclusão de que a pessoa do sexo frágil nas relações sou eu. Aliás, de sexo frágil a mulher não tem nada, esse ser poderoso, agressivo, hostil que, às vezes, pela simples maneira de falar, de agir, de sorrir, fuzila os corações de muitos marmanjos.
Iniciada a vida escolar, também se iniciava aí uma série de novas paixões. E há como isso não acontecer? Um local repleto de pessoas da mesma idade, gostos, de diversos comportamentos, cores, religiões, sabores... É difícil não encontrar alguém que se queira, que te queira, em um local como esse, que para mim, sempre foi mágico. Tive, também, amor de verão, sempre o mesmo. E após sucessivas paixonites veio um relacionamento, depois outro, complicados ou não, mas bons, com certeza!
Ao longo dos anos, a vida mudou bastante. A tecnologia afetou diversas atividades humanas, entre elas, a forma de conquistar. Há alguns anos, fazia-se serenatas a luz do luar, abaixo da sacada do quarto da amada, escrevia-se cartas, enviava-se flores, bombons, perfumes não acabavam com os amores. Com o passar do tempo, surgiram programas de televisão que davam uma forcinha para quem queria encontrar o amor da sua vida. O telefone celular, após o SMS trouxe uma facilidade grande e barata de conversar, junto com a popularização das redes sociais. Só que a informatização da humanidade vem cada vez mais aproximando quem está longe e afastando quem está próximo. Nada substitui a conversa em uma mesa de bar, uma janta em um restaurante, uma caminhada no parque.
Acreditem se quiser, nunca traí ninguém, nunca fiquei com mais de uma mulher por noite, não sou machista, e nunca fui o tipo “pegador”, diferentemente de outros por aí, não estou preocupado com quantidade, e sim com qualidade, porém, é inegável que a chance de acertar é maior após ter provado uma grande quantidade de sabores, de amores. Ou a quantidade pode trazer uma certa confusão, também. Complicado, difícil, paradoxal!
Na verdade, paradoxais são as mulheres! Que são loucas por encontrar o personagem da música do Roberto Carlos, e quando encontram, não é aquilo que querem. Volta então a dama a correr atrás do vagabundo. Surge aí, entre os homens decepcionados, a conversa que mulher gosta é de homem que maltrata, que não liga, que despreza. Não acredito que realmente funcione assim. Porém, os resultados de algumas experiências apontam para essa teoria. Um dia desses cheguei a me perguntar, e até mesmo perguntar pelo facebook, se mulher ainda gostava de receber agrados, como diria o meu avô, houve uma manifestação positiva. Um “ufa!” Pensava ser um velho por ainda querer fazer esse tipo de coisa.
O que mais tem me assustado é a falta de romantismo dos jovens, que só pensam em beijar, beijar, beijar, mas sempre uma pessoa diferente. Será que só eu ainda me preocupo em encontrar um amor para a vida?
Ou, talvez, preocupava-me, pois a grande quantidade de insucessos traz a vontade do desapego, do desamor. Cada vez mais difícil de encontrar a pessoa certa, se existe de verdade!