Bem-vindo! Welcome! Bienvenido! Benvenuto! Bienvenue! Willkommen!

agosto 22, 2012

Até aonde chegará o descaso?


Quarta-feira, 15 de agosto, chego na Escola, fazendo a visita semanal de costume, vou até a sala dos professores. Entrando na sala ouço o comentário entre uma professora e uma funcionária sobre o aluno “machucado”. Pergunto o que aconteceu, e elas me relatam perguntando se não vi, respondendo que não, elas me dizem para ir até a quadra. Entrei na Escola talvez distraído e não reparei no “bolinho” que se concentrava na quadra. Aproximando-me, vejo o aluno sentado no chão, aparentemente sério e sem dores, olho para as suas pernas e é visível que havia algo de errado em um dos joelhos, pois havia ali uma protuberâcia incomum. Alguns alunos relatam o que aconteceu, havia diferentes versões para a lesão, o que não importa muito, pois o que realmente interessava no momento era que ele necessitava de atendimento, e rápido! Havendo passado mais de meia hora ali assistindo a cena, chega o nosso rápido Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, famoso SAMU. Os socorristas realizam ali os procedimentos básicos, colocam o aluno na maca e o levam...
Agora não posso relatar com precisão os fatos, mas o que ouvi falar até o momento, está aqui. Ao sair da Escola, levaram o nosso aluno para o Pronto Atendimento 24 horas, em Gravataí, de lá ele é encaminhado para o Hospital Dom João Becker, de lá vai para o Hospital Cristo Redentor, onde não é atendido porque já havia dado entrada no atendimento em outro município. O estudante, então, é encaminhado para casa, para ficar em repouso. Hoje, quarta-feira, 22 de agosto, entro no facebook, para não perder o costume, e vejo o texto escrito pela nossa querida diretora, relatando alguns fatos ocorridos. Eis que vereadores foram acionados, e um deles, talvez tentando ser prestativo, talvez interessado nos votos para a eleição que está vindo por aí, resolve “ajudar” marcando uma audiência com o Secretário Municipal da Saúde do nosso Município, pois agora o aluno já apresenta sintomas que pouco tem haver com a possível fratura, sintomas que talvez nem chegassem se o atendimento tivesse sido realizado prontamente. O senhor secretário, que não é médico, e sim bacharel em Direito (pergunto: só eu vejo algo errado aqui?) diz que pode ser simplesmente uma dor de garganta. Não que eu seja contra um profissional de outra área dar pitaco na minha, mas um advogado diagnosticar uma pessoa com fratura e sintomas decorrentes ou não, de estar com uma simples dor de garganta...já basta a famosa “virose”, muito diagnosticada pelos médicos!
O nosso vereador, que trabalha para conquistar seu terceiro mandato para o cargo, aceita o parecer dado pelo médico, ou advogado, ou secretário da saúde, nem sei mais o que esse homem é. Agora, ele é encaminhado para o clínico (?).
Ao compartilhar o texto da diretora, começam a surgir discussões sobre política. E esse é o ponto aonde eu queria chegar. Ao falarmos em política ou político, as primeiras coisas que nos vem à cabeça são eleições, cargos políticos, showmícios, mensalão, caixa 2, roubo, corrupção, fraude, falcatrua, treta, pizza... A menos de dois meses das Eleições 2012, onde iremos escolher os novos, ou nem tão novos assim, candidatos que irão administrar o nosso Município pelos 4 anos vindouros, surge a discussão sobre o papel do vereador para com a nossa cidade. A seguir, algumas atribuições retiradas de sites na web:
“O vereador, de maneira geral, é o representante do povo. No exercício desta função, o vereador é o fiscal dos atos do prefeito na administração dos recursos do município expressos no orçamento. O vereador também faz as leis que estão dentro de sua competência, e analisa e aprova as leis que são de competência da prefeitura, do Executivo. Em resumo, o vereador recebe o povo, atende as suas reivindicações e é o mediador entre o povo e o prefeito” (Câmara de Vereadores de Joaçaba). “Analisar e aprovar leis ligadas à prefeitura e ao poder executivo; fiscalizar vários órgãos da prefeitura, além de requerer prestação de conta por parte do prefeito; votar projetos de lei; receber os eleitores e ouvir sugestões, críticas, reivindicações; promover a ligação entre eleitores da região que representa e o governo; elaborar e redigir projetos; criar leis com intuito de formar uma sociedade mais justa” (Brasil Escola, por Freitas, professor de Geografia).
Creio que estes dois sites já informam um pouco do papel destes funcionários. Então, pergunto se o vereador que acatou a decisão do secretário não deveria ter lutado pelo atendimento necessário para o estudante fraturado, não deveria este homem que deve atender às necessidades do povo, ter batalhado até conseguir aquilo que o menino precisava? E o Secretário Municipal da Saúde, que é graduado em Direito, não deveria ser, talvez, um médico? Assim, como o Secretário do Esporte, ser alguém formado em Educação Física, o Secretário da Educação ser um professor, o Secretário da Administração um administrador. Será que só eu penso assim?
Mas o que acontece é que não temos aqui uma política para a população, para o cidadão. Temos uma política para os partidos. Um política de interesses. Não se governa pensando em atender as necessidades das pessoas que vivem no município, e sim se trabalha pelos interesses dos partidos. Sabemos, e já não é de hoje, que os próprios “coitados” vereadores, na hora de votar na Câmara, tem que fazê-lo conforme o seu partido manda. Pois manda que pode, obedece quem tem juízo. O maior comanda o menor. Que na hora que o vereador apresenta um problema, se este é de um partido oposto ao do comando, não vai ter sua solicitação atendida.
Confesso que diversas vezes já senti vontade de estar lá dentro, para ver o que, de fato, acontece. Mas, modéstia a parte, uma pessoa honesta e íntegra como eu, não conseguiria sobreviver no meio de tantas coisas incorretas. Seria como um cordeiro no meio de uma matilha.
Enfim, o que é triste, é que o caso do aluno da EEEM Dr. Luiz Bastos do Prado não é primeiro, com certeza não será o último, e outra certeza é que não é somente no setor da Saúde que coisas deste tipo acontecem. A incompetência, o descaso, desinteresse, estão presentes nas demais secretarias, nos demais vereadores, prefeitos (porque certamente não é só em Gravataí que isso acontece). O que não aceito como justificativa é a “falta de verba”, pois num país onde milhões, ou bilhões de reais são desviados por ano em corrupções e fraudes, não tenha dinheiro para prestar atendimentos básicos, atendendo os direitos do cidadão previstos em Constituição Federal, Declaração Universal dos Direitos Humanos...Gravataí, a 5ª maior economia do Estado, Brasil, 6ª maior economia mundial, e de que isso adianta?
Peço desculpas por ter escrito tudo isso, sem poder esclarecer metade dos questionamentos.