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abril 23, 2014

O Profissional e o Conselho: minha visão dos dois lados

Quando ingressei na universidade, muito ouvi as queixas de colegas sobre a desvalorização da profissão, do profissional, da falta de material nas escolas, entre outras tantas reclamações. Aos poucos fui vendo o quanto alguns colegas estavam certos, pois, realmente, o salário é baixo, o professor, na escola, é visto como gandula (só larga a bola), as escolas públicas carecem de material. Porém, também, com as práticas de estágio, com as saídas de campo às escolas e locais que oferecem a Educação Física, nas suas mais diversas formas de expressão, encontrei profissionais acomodados. O que leva a uma pequena reflexão: se algo está ruim, o que é correto, procurar alternativas para mudar o quadro ou “atirar-se às cordas” e deixar tudo como está?

Durante o curso, procurei conhecer um pouco mais sobre o sistema CONFEF/CREFs, o grande vilão para muitos profissionais. Desde sempre, procurei valorizar os Conselhos. Após a colação de grau, ainda não sou registrado no Conselho, pois não exerço a profissão. Mas, hoje sou funcionário do Conselho Regional de Educação Física da 2ª Região – Rio Grande do Sul (RS) –  e percebo o quanto o profissional de Educação Física se desvaloriza e desvaloriza a própria profissão (desde já quero deixar claro que isso não é uma generalização e, também, não tenho nada contra nenhuma outra profissão, todo profissional tem sua importância fundamental para a sociedade).

Mas desvalorizar o Conselho que foi criado para regulamentar a profissão é desvalorizar o trabalho de profissionais que lutaram por isso. Muitos não o veem assim, mas o Conselho é uma conquista pela qual muitos profissionais de diversas outras áreas lutam para ter o seu. Estar em uma profissão regulamentada quer dizer ter a segurança de que nenhum outro indivíduo realize atividades pertinentes ao profissional próprio da área, sem que tenha habilitação perante ao Conselho para isso.
 
O CREF, como muitos pensam, não é uma associação, um clube de vantagens, onde você se associa e passa a ter diversos benefícios. O CREF é um órgão, sobretudo, fiscalizador que tem um compromisso com a sociedade: garantir que profissionais habilitados prestem os serviços oferecidos pela nossa profissão com qualidade e de acordo com a Lei.

O Conselho, no RS, ainda é pequeno, comparado aos conselhos de outras profissões, temos um pouco mais de 21.000 registrados. Em termos de fiscalização, o Conselho, também, é pequeno, mas os fiscais trabalham constantemente, visitando estabelecimentos em todo o Estado. Mas, além de fiscalizar, o CREF também trabalha pelo que é direito do profissional de Educação Física, um exemplo é a constante luta pela presença do professor de Educação Física em todo o Ensino Fundamental. O problema é que ninguém gosta de ser cobrado, o que é a função da fiscalização, cobrar a regularidade dos profissionais e dos estabelecimentos.

Enquanto funcionário, empresto meus ouvidos diariamente para profissionais que reclamam do fiscal, do valor da anuidade, da agenda que não tinha a capa bonita, da resposta do e-mail que não foi, entre outras. Enquanto profissional, ou pelo menos um graduado, vejo o quanto o profissional de Educação Física está despreparado por não conhecer sua própria legislação, seus direitos enquanto profissional, seu desinteresse pela informação, falta de conhecimento sobre coisas simples, por reclamações fúteis contra o Conselho.

Se eu recebo minhas contas e faturas e não pago até o vencimento, sofrerei com os juros. Se eu não recebo as contas e faturas e não procuro fazer o pagamento antes do vencimento, também vou sofrer com os juros. Assim funciona a anuidade. O Conselho envia aos profissionais os carnês e, também, disponibiliza as faturas para impressão através do site, exatamente para que o atraso na entrega, a greve dos correios, o assalto na caixinha de correspondência, não interfira no pagamento da anuidade.

Se o profissional mudou-se, de quem é a responsabilidade de atualizar o endereço para continuar recebendo as correspondências? Do profissional. Mas alguns ainda querem que o Conselho, talvez por uma inspiração divina, adivinhe que o profissional mudou de endereço.

Alguns serviços são prestados pela Internet, através de uma seção de acesso restrito ao profissional, como atualização de dados pessoais, impressão de certidões e guias. Mas alguns reclamam da “burocracia” de ter que utilizar o serviço on-line.

O sistema CONFEF/CREFs não é perfeito. Tem suas diversas falhas também. Mas, enquanto o profissional enxergar o Conselho como um inimigo, a tão sonhada valorização da profissão andará em passos de tartaruga. Não podemos andar como a humanidade, “ com passos de formiga e sem vontade”. Os profissionais precisam se unir aos Conselhos e, também, Sindicatos para que a Educação Física seja vista com importância por todos. O CREF não é o Coringa, Lex Luthor, Voldemort, Duende Verde, não está tentado dominar o mundo, nem acabar com o profissional. Pelo contrário, está aí para que este seja valorizado, e que faça cumprir seus direitos e deveres.

As pesquisas nos mostram diariamente o quanto cresce a obesidade entre crianças e adultos, o número de mortes causadas por doenças cardíacas, ou pela utilização de substâncias químicas danosas à saúde, entre diversos outros fatores. E todos sabem o papel fundamental da Educação Física para a manutenção da saúde e de hábitos saudáveis. Se nossa profissão pertence à área da Saúde, é porque ela possui um valor fundamental na vida do ser humano.

Tenho certeza de que todos já ouviram falar de algum destes conselhos: CRM, OAB, CREA, CAU, COREN, CRO, CREFITO, CREFONO, entre outros. Estes conselhos garantem que o seu médico não seja simplesmente um pajé, que seu advogado possa lhe defender em um tribunal, que seu dentista não seja um açougueiro, que sua casa não seja construídos como a dos porquinhos preguiçosos etc. O CREF trabalha para que nenhum profissional que não seja graduado ou provisionado (profissional que tem direito garantido em Lei) exerça a profissão. Ou, que nenhum, mesmo registrado, atue fora da sua habilitação.

Existem muitos outros temas polêmicos que envolvem nossa profissão, como o provisionado, o método Pilates, a dança, as lutas, a divisão do curso superior, e que devem ser discutidos. Mas a minha colocação fundamental aqui é que haja um maior interesse do profissional em conhecer o Conselho, em valorizar a profissão, em ser um profissional empenhado que procura se qualificar para prestar um serviço de qualidade, que procura conhecer o que é seu direito e dever e não deixa que outros invadam seu espaço.


Se não quer simplesmente pagar anuidade, eis a solução: troque de profissão, escolha uma que não seja regulamentada.

2 comentários:

  1. Disse tudo Christiam! Gostei da iniciativa do teu blog! posso copiá-lo no blog do curso? Claro que com a devida citação né? Grande abraço!

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