Quando
ingressei na universidade, muito ouvi as queixas de colegas sobre a
desvalorização da profissão, do profissional, da falta de material nas escolas,
entre outras tantas reclamações. Aos poucos fui vendo o quanto alguns colegas
estavam certos, pois, realmente, o salário é baixo, o professor, na escola, é
visto como gandula (só larga a bola), as escolas públicas carecem de material.
Porém, também, com as práticas de estágio, com as saídas de campo às escolas e
locais que oferecem a Educação Física, nas suas mais diversas formas de expressão,
encontrei profissionais acomodados. O que leva a uma pequena reflexão: se algo
está ruim, o que é correto, procurar alternativas para mudar o quadro ou “atirar-se
às cordas” e deixar tudo como está?
Durante
o curso, procurei conhecer um pouco mais sobre o sistema CONFEF/CREFs, o grande
vilão para muitos profissionais. Desde sempre, procurei valorizar os Conselhos.
Após a colação de grau, ainda não sou registrado no Conselho, pois não exerço a
profissão. Mas, hoje sou funcionário do Conselho Regional de Educação Física da
2ª Região – Rio Grande do Sul (RS) – e
percebo o quanto o profissional de Educação Física se desvaloriza e desvaloriza
a própria profissão (desde já quero deixar claro que isso não é uma generalização
e, também, não tenho nada contra nenhuma outra profissão, todo profissional tem
sua importância fundamental para a sociedade).
Mas
desvalorizar o Conselho que foi criado para regulamentar a profissão é
desvalorizar o trabalho de profissionais que lutaram por isso. Muitos não o
veem assim, mas o Conselho é uma conquista pela qual muitos profissionais de
diversas outras áreas lutam para ter o seu. Estar em uma profissão
regulamentada quer dizer ter a segurança de que nenhum outro indivíduo realize
atividades pertinentes ao profissional próprio da área, sem que tenha habilitação
perante ao Conselho para isso.
O
CREF, como muitos pensam, não é uma associação, um clube de vantagens, onde você
se associa e passa a ter diversos benefícios. O CREF é um órgão, sobretudo, fiscalizador
que tem um compromisso com a sociedade: garantir que profissionais habilitados
prestem os serviços oferecidos pela nossa profissão com qualidade e de acordo
com a Lei.
O
Conselho, no RS, ainda é pequeno, comparado aos conselhos de outras profissões,
temos um pouco mais de 21.000 registrados. Em termos de fiscalização, o
Conselho, também, é pequeno, mas os fiscais trabalham constantemente, visitando
estabelecimentos em todo o Estado. Mas, além de fiscalizar, o CREF também
trabalha pelo que é direito do profissional de Educação Física, um exemplo é a
constante luta pela presença do professor de Educação Física em todo o Ensino
Fundamental. O problema é que ninguém gosta de ser cobrado, o que é a função da
fiscalização, cobrar a regularidade dos profissionais e dos estabelecimentos.
Enquanto
funcionário, empresto meus ouvidos diariamente para profissionais que reclamam
do fiscal, do valor da anuidade, da agenda que não tinha a capa bonita, da
resposta do e-mail que não foi, entre outras. Enquanto profissional, ou pelo
menos um graduado, vejo o quanto o profissional de Educação Física está
despreparado por não conhecer sua própria legislação, seus direitos enquanto
profissional, seu desinteresse pela informação, falta de conhecimento sobre
coisas simples, por reclamações fúteis contra o Conselho.
Se
eu recebo minhas contas e faturas e não pago até o vencimento, sofrerei com os
juros. Se eu não recebo as contas e faturas e não procuro fazer o pagamento
antes do vencimento, também vou sofrer com os juros. Assim funciona a anuidade.
O Conselho envia aos profissionais os carnês e, também, disponibiliza as
faturas para impressão através do site, exatamente para que o atraso na
entrega, a greve dos correios, o assalto na caixinha de correspondência, não
interfira no pagamento da anuidade.
Se o
profissional mudou-se, de quem é a responsabilidade de atualizar o endereço
para continuar recebendo as correspondências? Do profissional. Mas alguns ainda
querem que o Conselho, talvez por uma inspiração divina, adivinhe que o
profissional mudou de endereço.
Alguns
serviços são prestados pela Internet, através de uma seção de acesso restrito
ao profissional, como atualização de dados pessoais, impressão de certidões e
guias. Mas alguns reclamam da “burocracia” de ter que
utilizar o serviço on-line.
O
sistema CONFEF/CREFs não é perfeito. Tem suas diversas falhas também. Mas,
enquanto o profissional enxergar o Conselho como um inimigo, a tão sonhada
valorização da profissão andará em passos de tartaruga. Não podemos andar como
a humanidade, “ com passos de formiga e sem vontade”. Os profissionais precisam
se unir aos Conselhos e, também, Sindicatos para que a Educação Física seja
vista com importância por todos. O CREF não é o Coringa, Lex Luthor, Voldemort,
Duende Verde, não está tentado dominar o mundo, nem acabar com o profissional.
Pelo contrário, está aí para que este seja valorizado, e que faça cumprir seus
direitos e deveres.
As
pesquisas nos mostram diariamente o quanto cresce a obesidade entre crianças e
adultos, o número de mortes causadas por doenças cardíacas, ou pela utilização
de substâncias químicas danosas à saúde, entre diversos outros fatores. E todos
sabem o papel fundamental da Educação Física para a manutenção da saúde e de hábitos
saudáveis. Se nossa profissão pertence à área da Saúde, é porque ela possui um
valor fundamental na vida do ser humano.
Tenho
certeza de que todos já ouviram falar de algum destes conselhos: CRM, OAB,
CREA, CAU, COREN, CRO, CREFITO, CREFONO, entre outros. Estes conselhos garantem
que o seu médico não seja simplesmente um pajé, que seu advogado possa lhe
defender em um tribunal, que seu dentista não seja um açougueiro, que sua casa não
seja construídos como a dos porquinhos preguiçosos etc. O CREF trabalha para
que nenhum profissional que não seja graduado ou provisionado (profissional que
tem direito garantido em Lei) exerça a profissão. Ou, que nenhum, mesmo
registrado, atue fora da sua habilitação.
Existem
muitos outros temas polêmicos que envolvem nossa profissão, como o
provisionado, o método Pilates, a dança, as lutas, a divisão do curso superior,
e que devem ser discutidos. Mas a minha colocação fundamental aqui é que haja
um maior interesse do profissional em conhecer o Conselho, em valorizar a
profissão, em ser um profissional empenhado que procura se qualificar para prestar
um serviço de qualidade, que procura conhecer o que é seu direito e dever e não
deixa que outros invadam seu espaço.
Se
não quer simplesmente pagar anuidade, eis a solução: troque de profissão, escolha uma que não
seja regulamentada.
Disse tudo Christiam! Gostei da iniciativa do teu blog! posso copiá-lo no blog do curso? Claro que com a devida citação né? Grande abraço!
ResponderExcluirClaro, mestre! Fique a vontade! Abração!
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