Quarta-feira, 15 de
agosto, chego na Escola, fazendo a visita semanal de costume, vou até a sala
dos professores. Entrando na sala ouço o comentário entre uma professora e uma
funcionária sobre o aluno “machucado”. Pergunto o que aconteceu, e elas me relatam
perguntando se não vi, respondendo que não, elas me dizem para ir até a quadra.
Entrei na Escola talvez distraído e não reparei no “bolinho” que se concentrava
na quadra. Aproximando-me, vejo o aluno sentado no chão, aparentemente sério e
sem dores, olho para as suas pernas e é visível que havia algo de errado em um
dos joelhos, pois havia ali uma protuberâcia incomum. Alguns alunos relatam o
que aconteceu, havia diferentes versões para a lesão, o que não importa muito,
pois o que realmente interessava no momento era que ele necessitava de
atendimento, e rápido! Havendo passado mais de meia hora ali assistindo a cena,
chega o nosso rápido Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, famoso SAMU. Os
socorristas realizam ali os procedimentos básicos, colocam o aluno na maca e o
levam...
Agora não posso relatar
com precisão os fatos, mas o que ouvi falar até o momento, está aqui. Ao sair
da Escola, levaram o nosso aluno para o Pronto Atendimento 24 horas, em
Gravataí, de lá ele é encaminhado para o Hospital Dom João Becker, de lá vai
para o Hospital Cristo Redentor, onde não é atendido porque já havia dado
entrada no atendimento em outro município. O estudante, então, é encaminhado
para casa, para ficar em repouso. Hoje, quarta-feira, 22 de agosto, entro no
facebook, para não perder o costume, e vejo o texto escrito pela nossa querida
diretora, relatando alguns fatos ocorridos. Eis que vereadores foram acionados,
e um deles, talvez tentando ser prestativo, talvez interessado nos votos para a
eleição que está vindo por aí, resolve “ajudar” marcando uma audiência com o
Secretário Municipal da Saúde do nosso Município, pois agora o aluno já
apresenta sintomas que pouco tem haver com a possível fratura, sintomas que
talvez nem chegassem se o atendimento tivesse sido realizado prontamente. O
senhor secretário, que não é médico, e sim bacharel em Direito (pergunto: só eu
vejo algo errado aqui?) diz que pode ser simplesmente uma dor de garganta. Não
que eu seja contra um profissional de outra área dar pitaco na minha, mas um
advogado diagnosticar uma pessoa com fratura e sintomas decorrentes ou não, de
estar com uma simples dor de garganta...já basta a famosa “virose”, muito
diagnosticada pelos médicos!
O nosso vereador, que
trabalha para conquistar seu terceiro mandato para o cargo, aceita o parecer
dado pelo médico, ou advogado, ou secretário da saúde, nem sei mais o que esse
homem é. Agora, ele é encaminhado para o clínico (?).
Ao compartilhar o texto da
diretora, começam a surgir discussões sobre política. E esse é o ponto aonde eu
queria chegar. Ao falarmos em política ou político, as primeiras coisas que nos
vem à cabeça são eleições, cargos políticos, showmícios, mensalão, caixa 2,
roubo, corrupção, fraude, falcatrua, treta, pizza... A menos de dois meses das
Eleições 2012, onde iremos escolher os novos, ou nem tão novos assim,
candidatos que irão administrar o nosso Município pelos 4 anos vindouros, surge
a discussão sobre o papel do vereador para com a nossa cidade. A seguir,
algumas atribuições retiradas de sites na web:
“O vereador, de maneira geral, é o representante do povo. No exercício
desta função, o vereador é o fiscal dos atos do prefeito na administração dos
recursos do município expressos no orçamento. O vereador também faz as leis que
estão dentro de sua competência, e analisa e aprova as leis que são de
competência da prefeitura, do Executivo. Em resumo, o vereador recebe o povo,
atende as suas reivindicações e é o mediador entre o povo e o prefeito” (Câmara
de Vereadores de Joaçaba). “Analisar e aprovar leis ligadas à prefeitura e ao poder
executivo; fiscalizar vários órgãos da prefeitura, além de requerer prestação
de conta por parte do prefeito; votar projetos de lei; receber os eleitores e
ouvir sugestões, críticas, reivindicações; promover a ligação entre eleitores
da região que representa e o governo; elaborar e redigir projetos; criar leis
com intuito de formar uma sociedade mais justa” (Brasil Escola, por Freitas,
professor de Geografia).
Creio que estes dois sites
já informam um pouco do papel destes funcionários. Então, pergunto se o
vereador que acatou a decisão do secretário não deveria ter lutado pelo
atendimento necessário para o estudante fraturado, não deveria este homem que
deve atender às necessidades do povo, ter batalhado até conseguir aquilo que o
menino precisava? E o Secretário Municipal da Saúde, que é graduado em Direito,
não deveria ser, talvez, um médico? Assim, como o Secretário do Esporte, ser
alguém formado em Educação Física, o Secretário da Educação ser um professor, o
Secretário da Administração um administrador. Será que só eu penso assim?
Mas o que acontece é que
não temos aqui uma política para a população, para o cidadão. Temos uma
política para os partidos. Um política de interesses. Não se governa pensando
em atender as necessidades das pessoas que vivem no município, e sim se
trabalha pelos interesses dos partidos. Sabemos, e já não é de hoje, que os
próprios “coitados” vereadores, na hora de votar na Câmara, tem que fazê-lo
conforme o seu partido manda. Pois manda que pode, obedece quem tem juízo. O
maior comanda o menor. Que na hora que o vereador apresenta um problema, se
este é de um partido oposto ao do comando, não vai ter sua solicitação
atendida.
Confesso que diversas
vezes já senti vontade de estar lá dentro, para ver o que, de fato, acontece.
Mas, modéstia a parte, uma pessoa honesta e íntegra como eu, não conseguiria
sobreviver no meio de tantas coisas incorretas. Seria como um cordeiro no meio
de uma matilha.
Enfim, o que é triste, é
que o caso do aluno da EEEM Dr. Luiz Bastos do Prado não é primeiro, com
certeza não será o último, e outra certeza é que não é somente no setor da
Saúde que coisas deste tipo acontecem. A incompetência, o descaso,
desinteresse, estão presentes nas demais secretarias, nos demais vereadores,
prefeitos (porque certamente não é só em Gravataí que isso acontece). O que não
aceito como justificativa é a “falta de verba”, pois num país onde milhões, ou
bilhões de reais são desviados por ano em corrupções e fraudes, não tenha
dinheiro para prestar atendimentos básicos, atendendo os direitos do cidadão
previstos em Constituição Federal, Declaração Universal dos Direitos Humanos...Gravataí,
a 5ª maior economia do Estado, Brasil, 6ª maior economia mundial, e de que isso
adianta?
Peço desculpas por ter
escrito tudo isso, sem poder esclarecer metade dos questionamentos.
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